segunda-feira, 13 de junho de 2011

Como ser um pesquisador com publicações de alto impacto científico?


Post de Vitor RR de Mendonça
Já teve a desagradável sensação de um paper ser rejeitado por uma revista de alto impacto? Como proceder para publicar sempre nos melhores periódicos? As vezes se pergunta o porquê de alguns pesquisadores sempre terem seus artigos nas revistas mais conceituadas?
No ano passado foi publicado por Zelko et al. na Plos One um trabalho interessante entitulado “Selection Mechanisms Underlying High Impact Biomedical Research - A Qualitative Analysis and Causal Model” tratanto exatamente desses questionamentos. O objetivo desse estudo foi investigar um grupo de pesquisadores da área biomédica com um alto impacto nos seus trabalhos científicos, procurando por padrões consistentes de comportamento através do tempo ou heurísticas que possam explicar o seu sucesso. Aqueles não familiarizados à pesquisa qualitativa (e me incluo), heurística consiste em um grupo de regras que guia o indivíduo pesquisador no que fazer ou não fazer. 
Foram realizadas entrevistas pelo telefone com pesquisadores de alto impacto (n=13) do mundo inteiro. Considerou-se alto impacto aqueles pesquisadores tendo 5 ou mais publicações “peer reviewed” com um impacto maior que 300 ou um índice-H de 50 ou mais. O método “Ground theory” para estudos qualitativos foi usado para decodificar cada entrevista, organizando os conceitos e categorias em um modelo geral de explicação através dos temas emergentes. Este modelo então foi traduzido para um modelo matemático “System Dynamic” para representar a sua estrutura e comportamento.
Cinco principais temas relacionados ao alto impacto científico emergiram da análise das entrevistas:
  1. Heurísticas: guiam o desenvolvimento de novas idéias, são variáveis e difíceis de comparar. Cada pesquisador tem sua heurística principal. Alguns exemplos são: método da tentativa e erro, até que algum resultado seja inesperado ou novo; processo de planejamento passo a passo; identificação de dúvidas científicas através de intensa revisão da literatura; idéias com aplicações práticas; trabalhos demorados e árduos em que ninguém se aventuraria.
  2. Feedback dos mentores e revisores contribuem para a seleção e desenvolvimento das heurísticas.
  3. Feedback para o público através da apresentação de novas idéias por meio de publicações e apresentações científicas possibilitam um aperfeiçoamento das heurísticas. Boa comunicação é uma característica chave.
  4. Atributos psicológicos como curiosidade e mente aberta, que constantemente motivam mesmo quando situações desestimulantes são encontradas.
  5. O sistema é dominado pela aleatoridade e sorte, e isto está longe de uma natureza linear e previsível. 
A união desses temas emergentes através do “System Dynamic” resultou em um modelo causal representado pelos comportamentos esperados pelas publicações e o impacto alcançado nos pesquisadores de alto impacto (figura acima). Na figura os loops em R representam os “reinforcing loops” e os B, “balancing loops”.
Baseado nos achados deste trabalho, alto impacto não é alcançado apenas intencionalmente, mas também pela presença de um grupo de habilidades inerentes aos pesquisadores em identificar lacunas e nichos estratégicos que podem resultar em alto impacto. 
Respondendo à pergunta do título, para ser um pesquisador de alto impacto científico, busque a heurística mais funcional e adequada ao seu padrão de personalidade, e conte com a sorte! Como vos falo da Bahia; vai uma fitinha do Senhor do Bonfim?!
Foto das fitas do site O que é isso?

Um comentário:

  1. Poxa...tenho um artigo submetido desde 2009...so vai sair em 2012...onde compro fitinhas de Senhor do Bonfim? Tenho que ir na Bahia, meu Deus...?

    ResponderExcluir