Blog da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI). O blog é voltado para temas de interesse dos sócios da SBI, mas aberto à toda a comunidade. Além de comentários sobre artigos, congressos e reuniões no tema da imunologia, o SBlogI trata de assuntos gerais de ciência e educação cientíifica. Este blog é seu. Comente, discuta, concorde - ou discorde!
quinta-feira, 30 de junho de 2011
Um mundo só
quarta-feira, 29 de junho de 2011
Golgi: Um gigante da Medicina do século XIX
Mesmo com uma vida bem sucedida, na medida em que começa o otimismo inebriante da juventude, o pico da realização e a consolidação de um projeto de vida, geralmente aparecem as tristezas e, enfim, vem o declínio e a morte. Mas em sua morte, Golgi sabia que havia se realizado na vida por ter feito algo de que se orgulhar!
Richardson, R. Lancet, Vol 377 February 12, 2011
Post de Vanessa Carregaro (Pós-doutoranda FMRP-USP)
terça-feira, 28 de junho de 2011
Investigador português identifica proteínas que podem combater o HIV
André Raposo desenvolveu importante estudo na Universidade de Oxford
Em conversa com o «Ciência Hoje», o investigador explica que foram identificadas "potenciais proteínas antivirais que poderão vir a ser incluídas no desenvolvimento de vacinas/antiretrovirais contra o HIV".
E é durante esse tempo que os macrófagos transmitem o vírus a outras células, nomeadamente aos linfócitos T, que acabam por não resistir ao vírus e morrem, levando à SIDA. Nas experiências em laboratório, André Raposo descobriu que os linfócitos T, antes de serem infectados pelo HIV, "segregam proteínas de grande massa molecular para o meio extracelular, que uma vez em captadas pelos macrófagos induzem a diminuição dos níveis de receptores CD4 (nos macrófagos), essenciais para o vírus entrar nas células". Sem estas moléculas "não se estabelece infecção".
Usando novas técnicas de isolamento e enriquecimento de proteínas a equipa de investigadores, em colaboração com o Centro de Espectrometria de Massa da Universidade de Oxford, conseguiu identificar as proteínas segregadas pelos linfócitos T que induzem a diminuição dos níveis de moléculas CD4 nos macrófagos.
Embora possa abrir portas para o desenvolvimento de novos tratamentos, "uma cura efectiva para a infecção por HIV ainda está longe de ser encontrada", diz o investigador. Contudo, "são estes pequenos passos que fazem grandes descobertas e as contribuições da ciência básica em laboratórios são essenciais para o desenvolvimento de vacinas efectivas contra o HIV".
Artigo: "Protein Kinase C and NF-KB-dependent CD4 downregulation in macrophages induced by T cell-derived soluble factors: consequences for HIV-1 infection"
(http://www.jimmunol.org/content/future/187/2)
Como parte da licenciatura, no estágio científico, desenvolveu um projecto de investigação em virologia em Montpellier (França) no Instituto de Genética Molecular. Fez, depois, parte do programa doutoral do GABBA no Porto (2005) e escolheu o laboratório de imunologia retroviral do HIV na Universidade de Oxford (Reino Unido) para desenvolver o projecto de doutoramento, do qual saiu este estudo. No fim do doutoramento, escolheu, São Francisco (laboratório do Professor Doutor Douglas Nixon) para para desenvolver um projecto como postdoc.
"Esta cidade é um excelente sítio para se viver; há bastante sol (ao contrário de Inglaterra) e a investigação na área do HIV é das melhores a nível internacional". O cientista pretende continuar por São Francisco uns quatro ou cinco anos.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
A idéia mais importante da Imunologia
domingo, 26 de junho de 2011
Journal Club - IBA: Apresentação antigênica via Cross-dressing
sexta-feira, 24 de junho de 2011
O que confere proteção de longa duração durante o processo de imunização?
Estudos comprovam que vacinas produzidas com microorganismos vivos ativam com mais eficácia os mecanismos do sistema imunológico que levam a proteção à infecção. A hipótese lógica para que isto aconteça é que a presença de microorganismos vivos permite que estes últimos se repliquem e infectem células do hospedeiro, tornando-se visíveis ao sistema imunológico. Sendo assim, como ficaria o papel dos padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs)? Digo isto porque estes estão presentes tanto em vacinas compostas por microorganismos vivos quanto mortos.
E é exatamente isto que Leif E Sander e colaboradores abordam em um artigo publicado o mês passado na Nature. Mas especificamente, os pesquisadores questionam o que estaria presente na composição de uma vacina desenvolvida com a utilização de microorganismos vivos, mas não incorporado nas “vacinas mortas”, que induziria proteção imune efetora.
Para os pesquisadores, o nosso sistema imune reconhece microorganismos vivos através da detecção de uma classe especial de PAMPs denominada PAMPs associados a viabilidade (vita-PAMPs). Eles mostram que RNA mensageiro de procariotos, presente apenas em bactérias vivas, funciona como um vita-PAMP desencadeando respostas imunes inata e adaptativa efetoras. Desta maneira, o sistema imune conseguiria distinguir microorganismos com potencial infectivo e poupar suas energias das ameaças menos importantes.
Incrível, não é?
Bom, aí está mais um componente a ser testado nas nossas tão sonhadas vacinas.
Recomendo a leitura:
Sander LE, Davis MJ, Boekschoten MV, Amsen D, Dascher CC, Ryffel B, Swanson JA, Müller M, Blander JM. Detection of prokaryotic mRNA signifies microbial viability and promotes immunity. Nature. 2011 May 22;474(7351):385-9.
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Entenda a memória, desenhe melhores vacinas!!!
Este é o título do artigo de Michael Bevan da Universidade de Washington que abre uma série de ótimas revisões sobre a memória imunológica que a Nature Immunology trouxe nesse mês de Junho. Os artigos trazem atualidades sobre memória de linfócitos T e B, exaustão imunológica, fatores importantes na geração de memória, compartimentalização física da memória, desenvolvimento de novas vacinas, e o controverso e interessante tópico sobre a memória de células NK que eu já abordei aqui no Blog algum tempo atrás.
Muito já se sabe sobre os eventos que levam a geração de memória imunológica por linfócitos de memória TCD8+, contudo muitos acreditavam que talvez nem existisse linfócitos de memória TCD4+. Entretanto, Pepper & Jenkins (2011) mostraram fortes evidências de que subpopulações de linfócitos TCD4+ Th1, Th2 e Th17 podem se tornar estáveis linfócitos T de memória. Além disso, linfócitos TCD4+ e B dos centros germinativos poderiam interagir e gerar linfócitos B de memória e plasmócitos de longa duração, como mostrado por Nutt & Tarlinton (2011) que discutem se linfócitos B e TCD4+ seriam irmãos, primos ou apenas bons amigos!
Como as células de memória são mantidas por longos períodos é outro tema intrigante abordado por Sprent & Surh (2011) que mostraram que surpreendentemente células de memória podem existir antes mesmo do contato com o patógeno! Eles apontaram que citocinas com cadeia-g como, por exemplo IL-7, em conjunção com os sinais de baixa intensidade gerados através da ativação do TCR por antígenos próprios levariam a formação de células com fenótipo de memória.
Outro ponto bacana é como células de memória podem residir em tecidos não-linfóides, como por exemplo, a pele e a mucosa, agindo como a primeira linha de defesa contra a infecção microbial, mostrando que de fato a resposta imunológica pode ser compartimentalizada (Sheridan & Lefrançois 2011). Além disso, a resposta imune adaptativa precisa ser controlada, uma vez que uma falha nesse processo pode levar a exaustão de linfócitos T, ou seja, um estado de estimulação crônica de células T Wherry (2011). Estas células poderiam ainda estar associadas ao envelhecimento, e a presença deste tipo de linfócitos T deve ser um importante fator a se levar em consideração quando se pensa em vacinas para idosos.
Outro velho paradigma da Imunologia que está sendo quebrado é o de que o fenômeno da memória é apenas mediado por linfócitos T e B. Tem surgido cada vez mais evidências de que células natural killer (NK) tem propriedades de memória-like. Esse é particularmente um dos meus temas favoritos em se tratando de memória imunológica. Paust & Adrien (2011) discutem as propriedades de memória-like das células NK nas respostas de hipersensibilidade tardia e nas infecções virais. A Science deste ano, nos meses de Janeiro e Abril, também trouxe ótimos artigos sobre como células NK tem a capacidade de alterar o seu comportamento baseado em uma ativação prévia, uma característica análoga à memória imunológica adaptativa. Sim, o tema é controverso! Mas é super interessante e levanta questionamentos e boas discussões sobre os paradigmas do que se acredita hoje na Imunologia.
Figura de Michael J Bevan – Nature Immunology (2011) 12: 463–465
Os artigos citados aqui podem ser encontrados na Nature Immunology, June 2011, Volume 12, No 6, pag 461-575.