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quarta-feira, 6 de abril de 2011
Receptores da imunidade inata modulando a resposta imune?
Fonte da imagem: Artis, D. 2008. Nature Reviews Immunology 8, 411-420.
Post de Djalma de Souza Lima Júnior
Pós-graduando em Imunologia Básica e Aplicada - FMRP/USP
Diversos trabalhos tem demonstrado a participação de receptores de reconhecimento padrão, dentre eles os “Nod-like receptors”, no reconhecimento de moléculas microbianas e indução de uma resposta imune apropriada para a eliminação das infecções. Porém, tem-se observado que em doenças intestinais crônicas esses receptores podem contribuir para a manutenção da tolerância intestinal impedindo o desencadeamento de uma resposta imune contra a flora intestinal. Isto é evidenciado pela associação de mutações no receptor Nod2 com a doença de Crohn. Pouco se sabe sobre os mecanismos dependentes de Nod1/Nod2 na regulação da resposta imune durante infecções entéricas. Nesse contexto, durante um congresso realizado em Março desse ano, em Vancouver, Canada (Keystone Symposia - "Mucosal Biology: a Fine Balance between Tolerance and Immunity”), o grupo da pesquisadora Dana J. Philpot mostrou que os receptores Nod1 e Nod2 são importantes reguladores da resposta Th17, uma via implicada na manutenção da homeostase intestinal. Foi observado que durante a colite bacteriana induzida por Salmonella typhimurium e Citrobacter rodentium, Nod1 e Nod2 apresentaram um papel redundante em ambos os modelos de colite, uma vez que, camundongos duplo-deficiente para Nod1/Nod2 (DKO) apresentaram uma redução no score patológico e aumentada carga bacteriana. Isso correspondeu numa drástica redução de IL-17 e IL-22 por células T CD4+ (células Th17) nos camundongos DKO durante as fases iniciais da infecção. Além disso, foi observada uma significante redução na produção de IL-6 nos camundongos DKO, a qual era crítica para o desenvolvimento de uma resposta Th17. A análise de camundongos quiméricos demonstrou que a ativação de Nod1/Nod2 tanto em células hematopoéticas quanto em células não-hematopoéticas é crítica para a indução de uma resposta Th17 dependente de IL-6 e para a indução de inflamação responsável pela eliminação de patógenos intestinais. Dessa forma, observou-se que a produção de IL-6 dependente da ativação de Nod1/Nod2 em células epiteliais e intestinais e/ou células apresentadoras de antígenos presentes no intestino (DCs, macrófagos) é crucial para o desenvolvimento de células Th17 (culminando em aumento na secreção de IL-17 e IL-22) e consequente manutenção da homeostase intestinal. Outro trabalho do mesmo grupo avaliou o impacto da autofagia induzida por bactérias em células epiteliais intestinais e demonstrou que a produção de citocinas e quimiocinas inflamatórias (IL-6, KC) é aumentada em células infectadas e tratadas com RNA de interferência para o gene ATG16L1 (gene importante para o processo de autofagia). Além disso, foi observado que as funções reguladoras de ATG16L1 dependem da localização bacteriana na célula hospedeira infectada (é necessária a presença da bactéria no citoplasma celular, mas não no interior dos vacúolos endocíticos ou bactérias extracelulares). Adicionalmente, foi demonstrado que ATG16L1 regula negativamente a sinalização de Nod1 e Nod2. O silenciamento de ATG16L1 em células epiteliais estimuladas com agonistas de Nod1 e Nod2 aumenta a ativação de NF-κB e a secreção de KC e IL-6. De forma geral, os trabalhos desenvolvidos pelo grupo da Dra. Dana Philpot, juntamente com outros grupos indicam que além dos receptores da imunidade inata estarem diretamente envolvidos com ativação da resposta imune, eles apresentam papel fundamental na regulação da imunidade em processos infeciosos e inflamatórios.
Djalma, discuti hoje justamente este tema em uma aula na pós-graduação. Parabéns pelo texto!
ResponderExcluirlegal ver essa coisa da localizacao da bacteria - poder ver em bacterias com cilcos alternados de endossomo e citosol como listeria qual a relevancia de cada caminho - nod e T - para a infeccao...otimo post.
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