A produção de IgA polireativa por plasmócitos no trato gastrointestinal é importante para manter a homeostasisa da mucosa. Gommerman et al., entretanto, identificaram uma subpopulação de plasmócitos IgA+ no intestino que produz TNF e iNOS e é necessária para manter a composição da microbiota intestinal.
O óxido nítrico, produzido por iNOS, é requerido para o switch de classe para IgA na lâmina própria do intestino delgado de camundongos. Assim, investigando o papel de iNOS no intestino, os autores encontraram uma população de células iNOS+ nas preparações da lâmina própria de camundongos “ wild-type” que eram ausentes nos camundongos sem linfócitos B. A análise posterior dessas células iNOS+ mostrou que expressavam IgA e tinham passado pela recombinação necessária para a mudança de classe de Igs (class-switch recombination), sugerindo que estas células iNOS são uma única subpopulação de plasmocitos IgA+. Estas células também produzem TNF e expressam Ly6C e Ly6G, marcadores comumente associados à células monocíticas. Nem todas as células IgA+ expressam iNOS e/ou TNF, mas aquelas que os expressam apresentam morfologia e localização celular de IgA diferentes que as células IgA+ iNOS-TNF-., sugerindo que algumas células B no intestino adotam um fenótipo similar aos monócitos, conforme elas se diferenciam em plasmocitos IgA+.
Como estas células se diferenciam? Os autores encontraram que a microbiota é necessária para a expressão de iNOS por células IgA+ e a reconstituição de camundongos “germ-free”com espécies bacterianas únicas foi suficiente para a indução das células IgA+iNOS+. Além disso, os autores também observaram, que somente o estroma intestinal de camundongos livres de patógenos, e não o estroma da medula óssea ou mesmo o estroma de intestino de camundongos “germ-free”, podem levar à diferenciação das células IgA+iNOS+ in vitro.
Para a determinação da função das células IgA+ iNOS+, os autores geraram camundongos quiméricos, nos quais as células B eram incapazes de produzir iNOS e TNF. Estes animais apresentaram níveis séricos diminuídos de IgA, mas não IgG e redução no número de células B IgA+ na lâmina própria. Alem disso, a composição da microbiota foi alterada e os camundongos tornaram-se mais suscetíveis à infecção por Citrobacter rodentium quando comparados aos animais controles.
Assim, o microambiente , influenciado pela microbiota, é requerido para o desenvolvimento dos plasmócitos IgA+ multifuncionais e estas células são necessárias para manter a homeostase da mucosa e apresentam papel importante na imunidade contra infecções microbianas. Novas funções para as nossas queridas células B!!!
Jörg H. Fritz, Olga Lucia Rojas, Nathalie Simard, Douglas D. McCarthy, Siegfried Hapfelmeier, Stephen Rubino, Susan J. Robertson, Mani Larijani, Jean Gosselin, Ivaylo I. Ivanov, Alberto Martin, Rafael Casellas, Dana J. Philpott, Stephen E. Girardin, Kathy D. McCoy, Andrew J. Macpherson, Christopher J. Paige & Jennifer L. Gommerman Acquisition of a multifunctional IgA+ plasma cell phenotype in the gut. Nature 481, 199–203 (12 January 2012) doi:10.1038/nature10698
Oi Claudinha, muito interessante!
ResponderExcluirPorém, como saber se são células B ou se os mega multifuncionais macrófagos/monócitos não aprenderam a fazer também anticorpos? Só falta essa função imune para eles.....