Flying vaccinators – é esse o nome que se dá ao conceito (ignorado até recentemente por este blogueiro) de utilizar a engenharia genética para criar mosquitos cujas glândulas salivares produzem antígenos derivados de patógenos. Como o mosquito injeta saliva na vítima durante a picada, a idéia é que se possa usar o mosquito como transgênico como um “vacinador voador”, entregando proteínas fresquinhas por via intradérmica.
Yamamoto e colegas, pesquisadores da Jichi Medical University, no Japão, publicaram um artigo esse mês na revista Insect Molecular Biology no qual geraram um mosquito transgênico do gênero Anopheles que expressa a proteína SP15 do mosquito transmissor da Leishmaniose (Phlebotomus papatasi). A presença dessa proteína na saliva do Phlebotomus aumenta a infecciosidade da leishmania, e vacinação convencional usando a SP15 como antígeno tem efeito protetor em modelos de camundongo.
O que Yamamoto et al. mostram é que camundongos picados pelo Anopheles transgênico desenvolvem anticorpos contra a SP15 (embora os títulos não sejam lá essas coisas…), demonstrando a factibilidade do conceito de flying vaccinators.
Agora fica a pergunta: será que essa onda pega? Os próprios autores admitem: “Although it is unlikely that [the concept of the ‘flying vaccinator’] will be developed as a public health measure for delivering vaccines, the salivary gland-specific expression of relevant proteins is expected to be a powerful tool for the elucidation of saliva-malaria sporozoite interaction.”
Ou seja, nada de mosquitos no posto de saúde por enquanto.
Gabriel, bem interessante, parabéns. Faltou você explicar o "ignorar o conceito": por não conhecer ou por não acreditar?
ResponderExcluirIgnorar por nao conhecer. Sabia da existência de técnicas de introdução de transgenes em mosquitos para torná-los estéreis e controlar a sua população, mas nunca tinha ouvido falar na possibilidade de usá-los como vacinas.
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