Lembro-me da frase que o Prof. Jorge Kalil usava quando nós, alunos de doutorado do InCor/USP, reclamávamos da falta de reagentes: “Dinheiro não é problema, é a solução”. E ele estava certo. Certamente recursos fartos é parte da solução dos problemas da ciência brasileira. Mas será que só dinheiro resolve?
A matéria publicada na Nature na última terça-feira (27) conta como a Rússia está agindo para melhorar a ciência nesse país (http://www.nature.com/news/2010/100427/full/4641257a.html ). A Rússia, assim como o Brasil, decidiu investir sério em ciência e tecnologia para voltar a ser a potência que uma vez foi. O governo russo agora aposta nas universidades e promete investir, ao longo dos próximos anos, três bilhões de dólares em educação superior e pesquisa orientada para o mercado. Tudo isso somado ao 0,6 bilhão já investido anualmente. Mas, assim como o Brasil, a Rússia também sofre da hegemonia de instituições engessadas, como disse Marcelo Bozza em seu post aqui no SBIlogI (http://blogdasbi.blogspot.com/2010/04/o-que-e-necessario-para-fazermos-uma.html ) ao comentar sobre a situação das nossas instituições.
Pegando carona no post do Marcelo e no comentário do Barral, pergunto: será que só dinheiro é a solução? Acho que a maioria de nós concorda que precisamos de uma reforma geral nas nossas instituições de pesquisa para nos tornarmos competitivos com nossos pares internacionais. Por exemplo, não adianta aumentar a verba para reagentes se temos de esperar 3-6 meses por eles ou pagar o dobro do preço pelos mesmos reagentes “nacionalizados”. Mais exemplos incluem não só aumentar o número de doutores, mas melhorar as condições desses doutores para fazer pesquisa. Investir no treinamento e contratação de pessoal qualificado para operar as máquinas de última geração é um objetivo a ser perseguido também. Esses são apenas alguns exemplos. Compartilhe conosco outras idéias. Vamos colaborar com essa empreitada!
Concordo plenamente, para nós cientistas brasileiros além do incremento de verba, precisamos urgentemente de uma mudança na política de importação, de contratação de docentes e técnicos e no formato dos cursos de pós graduação. Sempre penso também que precisamos de uma reforma no nosso modo de pensar e interagir com os nossos pares. Acho que para inicio de uma competitividade internacional, a interação e a verdadeira colaboração entre os pesquisadores brasileiros deveriam ser incrementadas. Acho que se o pensamento individualista fosse abrandado em prol de uma visão de crescimento em conjunto, nosso sucesso seria maior. Já postei vários comentários aqui, e repito, que a iniciativa deste blog é um passo para o início desta interação e crescimento da imunologia, pois este é um espaço aberto que permite a interação de todos nós que temos pelo menos um interesse em comum - a Imunologia.
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