quinta-feira, 29 de abril de 2010

Será que só dinheiro resolve?

Lembro-me da frase que o Prof. Jorge Kalil usava quando nós, alunos de doutorado do InCor/USP, reclamávamos da falta de reagentes: “Dinheiro não é problema, é a solução”. E ele estava certo. Certamente recursos fartos é parte da solução dos problemas da ciência brasileira. Mas será que só dinheiro resolve?

A matéria publicada na Nature na última terça-feira (27) conta como a Rússia está agindo para melhorar a ciência nesse país (http://www.nature.com/news/2010/100427/full/4641257a.html ). A Rússia, assim como o Brasil, decidiu investir sério em ciência e tecnologia para voltar a ser a potência que uma vez foi. O governo russo agora aposta nas universidades e promete investir, ao longo dos próximos anos, três bilhões de dólares em educação superior e pesquisa orientada para o mercado. Tudo isso somado ao 0,6 bilhão já investido anualmente. Mas, assim como o Brasil, a Rússia também sofre da hegemonia de instituições engessadas, como disse Marcelo Bozza em seu post aqui no SBIlogI (http://blogdasbi.blogspot.com/2010/04/o-que-e-necessario-para-fazermos-uma.html ) ao comentar sobre a situação das nossas instituições.

Pegando carona no post do Marcelo e no comentário do Barral, pergunto: será que só dinheiro é a solução? Acho que a maioria de nós concorda que precisamos de uma reforma geral nas nossas instituições de pesquisa para nos tornarmos competitivos com nossos pares internacionais. Por exemplo, não adianta aumentar a verba para reagentes se temos de esperar 3-6 meses por eles ou pagar o dobro do preço pelos mesmos reagentes “nacionalizados”. Mais exemplos incluem não só aumentar o número de doutores, mas melhorar as condições desses doutores para fazer pesquisa. Investir no treinamento e contratação de pessoal qualificado para operar as máquinas de última geração é um objetivo a ser perseguido também. Esses são apenas alguns exemplos. Compartilhe conosco outras idéias. Vamos colaborar com essa empreitada!

Um comentário:

  1. Concordo plenamente, para nós cientistas brasileiros além do incremento de verba, precisamos urgentemente de uma mudança na política de importação, de contratação de docentes e técnicos e no formato dos cursos de pós graduação. Sempre penso também que precisamos de uma reforma no nosso modo de pensar e interagir com os nossos pares. Acho que para inicio de uma competitividade internacional, a interação e a verdadeira colaboração entre os pesquisadores brasileiros deveriam ser incrementadas. Acho que se o pensamento individualista fosse abrandado em prol de uma visão de crescimento em conjunto, nosso sucesso seria maior. Já postei vários comentários aqui, e repito, que a iniciativa deste blog é um passo para o início desta interação e crescimento da imunologia, pois este é um espaço aberto que permite a interação de todos nós que temos pelo menos um interesse em comum - a Imunologia.

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