BLOG DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE IMUNOLOGIA
Acompanhe-nos:

Translate

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Deficiência de IFN do Tipo I em Células Mielóides leva à Sepse induzida por Vírus

Modelo de sepse após infecção viral de células mieloides (células dendríticas e macrófagos). Células mieloides deficientes em sinalização via IFN tipo I (devido à deleção viral, bloqueio farmacológico com anticorpos monoclonais anti-receptor de IFN ou com antagonismo promovido por vírus) são mais susceptíveis à infecção viral. Numa infecção pelo vírus oeste do Nilo, a replicação viral aumentada resulta em elevação da geração de Padrões Moleculares associados à Patógeno (PAMPs), o que ativa a molécula adaptadora MAVS. Ocorre ativação de IRF-3, NF-kB e do inflamassoma. O acionamento dessa cascata de sinalização promove ativação do complemento, secreção de citocinas pró-inflamatórias, sepse e dano tecidual. Fonte: Pinto et al., 2014, Plos Pathogens.



Embora esteja bem estabelecido que as vias de sinalização dos interferons do tipo I apresentam uma função antiviral crítica, os tipos celulares in vivo que contribuem para esse processo ainda não foram completamente caracterizados. Nesse contexto, o grupo liderado pelo Dr. Michael S. Diamond do Molecular Microbiology, Washington University School of Medicine, St. Louis, Missouri nos Estados Unidos publicou recentemente um estudo utilizando a infecção murina pelo vírus oeste do Nilo como um modelo para abordar essa questão.

Eles infectaram camundongos com o vírus e esses animais eram deficientes no gene do receptor de IFN tipo I (ifnar) em suas células mieloides, incluindo células dendríticas e macrófagos. Os camundongos rapidamente desenvolveram uma síndrome semelhante à sepse que foi caracterizada pelo aumento da infecção viral e dano em órgãos causado pela produção maciça de citocinas pró-inflamatórias e ativação do complemento. 

Além disso, o estudo mostrou que a infecção pelo vírus oeste do Nilo induzia sinalização por meio da molécula adaptadora MAVS e provocava ativação do complemento, sepse e dano tecidual. O dano hepático era minimizado se os animais não apresentavam constituintes específicos do complemento como C3 e fator B ou eram tratados com anticorpos neutralizantes anti-complemento e anti-TNF-alfa. Os resultados estabeleceram o papel importante da sinalização induzida por IFN do tipo I em células mieloides em restringir a infecção viral e controlar a inflamação e injúria tecidual desencadeada pela infecção.

Referência

- Pinto AK, Ramos HJ, Wu X, Aggarwal S, Shrestha B, Gorman M, Kim KY, Suthar MS, Atkinson JP, Gale M Jr, Diamond MS. Deficient IFN signaling by myeloid cell leads to MAVS-dependent virus-induced sepsis. PLoS Pathog. 2014 Apr 17;10(4):e1004086. doi: 10.1371/journal.ppat.1004086. eCollection 2014 Apr.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

I Congresso Internacional Atletas do Futuro - Imunologia e Genômica no Esporte

Falando em Copa do Mundo e no clima das Olimpíadas 2016, estão abertas as inscrições para o I Congresso Internacional Atletas do Futuro - Simpósios sobre Genômica e Imunologia no Esporte.

Início em 8/06/2014 e término em 11/06/14, véspera de jogo de abertura da Copa e estréia do Brasil contra a Croácia no Itaquerão! Uma excelente forma de se encerrar e comemorar um congresso de esporte (ou não... rs).

Pra quem for, boa diversão! Digo, bom congresso!

Inscrições aqui

Post com colaboração da Fisioterapeuta 1o Tenente Fabiana Ferreira


http://www.atletasdofuturo.com.br/

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Prêmio L'ORÉAL/UNESCO/ABC PARA MULHERES NA CIÊNCIA


Inscreva-se no site (aqui)

Immunobúzios 2014

Divulgando o XXXIX Congress of the Brazilian Society of Immunology 2014 e VII ESCI Extra Section of Clinical Immunology, a pedido do nosso querido presidente Dr João Viola:

Aqui: Immunobúzios2014 ou sbicongressos.com/immuno2014



terça-feira, 27 de maio de 2014

Saber é melhor que acreditar


Saber, ou procurar saber, é muito menos estressante do que acreditar cegamente no que outros dizem. Parece mentira, mas é verdade. Na Idade Média, cometas eram vistos como anunciadores de desastres e doenças, gerando pânico, saques e mortes nos vilarejos. Quando a epidemia de AIDS começou nos anos 80, ela foi vista por muitos como uma punição cósmica a homossexuais e usuários de drogas, resultando em um clima de pessimismo que marcou uma geração. Hoje sabemos que cometas são corpos celestes atraídos pela gravidade da Terra,  prevemos (e gostamos) quando eles aparecem. Sabemos também que a AIDS é causada por um vírus que surgiu mais recentemente, desenvolvemos medicamentos para tratar a infecção, e em breve teremos vacinas disponíveis. O conhecimento tranqüiliza, e se torna parte do nosso dia a dia, imperceptivelmente. Isso é o que a ciência faz de melhor pela humanidade. 

A vacinação é um conceito já bem estabelecido. Contudo, em 1998 um artigo foi publicado na revista The Lancet sugerindo que havia uma ligação entre a vacina tríplice viral – MMR (sarampo, caxumba e rubéola) e autismo. Apesar de ter sido rejeitado pela comunidade cientifica, esse estudo recebeu uma grande publicidade, gerou medo, e por causa disso milhares de crianças deixaram de ser vacinadas contra essas doenças, que podem resultar em problemas neurológicos, surdez ou morte. O que poucos sabem é que este estudo foi retratado - retirado do Lancet -  e os autores foram inclusive condenados por fraude. Infelizmente, ainda hoje  esses resultados (inventados) são evocados para gerar dúvidas sobre vacinação.

A comunidade cientifica pressionou para a retirada do artigo não por ideologia, mas porque foi testar a idéia do artigo e esta não foi reproduzível. Uma característica importante da nossa profissão é a dúvida. A certeza absoluta não deixa espaço para fazer mais perguntas e portanto não permite que a gente aprenda mais. E sempre existe mais para aprender. Sempre se pode fazer progresso. Duvidar é bom. Portanto, quando surge um movimento ou afirmativa como essa da vacina e autismo, a resposta do cientista é : 1) seria possível? e 2) qual a evidencia existente que apóia essa hipótese? Invariavelmente, se houver evidencia esmagadora contra uma afirmativa, ela vai ser rejeitada. Se não houver evidencia, a hipótese vai ser testada, rigorosamente. A evidencia é soberana, e a reprodutibilidade entre estudos, sejam na Inglaterra, Brasil ou Japão, fundamental.

Atualmente na Nigéria, nos Camarões, no Paquistão e na Síria existe um alerta de poliomielite, uma doença que estava prestes a ser erradicada graças à vacinação. Esses países deixaram de vacinar por causas políticas, corrupção, guerra. A não vacinação é hoje particularmente mais perigosa porque viagens internacionais são tão mais comuns, ampliando o risco de disseminação do vírus. Vacinas funcionam sob um conceito que chamamos de rebanho: quanto mais pessoas imunizadas em uma população, menos chance há de propagação de um patógeno. Um governo que deixa de vacinar é irresponsável e criminoso. E se você recusa uma vacina, não é, como você pode pensar, uma escolha pessoal, com efeitos restritos. Você está matematicamente ampliando a chance de outros indivíduos se infectarem.

As vacinas disponíveis não tem efeitos colaterais graves,  e é biologicamente impossível ficar gripado com a vacina da gripe, ao contrário do que muitas pessoas falam. A sensação gripal que alguns experimentam após a vacinação se deve à ativação do sistema imune, nada mais. Procure o site da Organização Mundial da Saúde (WHO ou OMS), ou do Centro de Controle de Doenças infecciosas, o CDC. Se você não lê inglês, você pode ir ao site do Ministério da Saúde, da Sociedade Brasileira de Imunização, da Sociedade Brasileira de Imunologia.

Duvide, mas procure saber.


Cristina Bonorino é Professora Titular de Imunologia da PUCRS e Pesquisadora 1C do CNPq.


Texto publicado no Caderno PROA, Jornal Zero Hora, em 18 de maio de 2014

domingo, 25 de maio de 2014

Journal Club IBA: Cognato ou Não-cognato: eis a questão



Há aproximadamente 50 anos, George MacKaness reportou que camundongos infectados com a bactéria Brucella abortus apresentaram, durante episódios de coinfecção, proteção cruzada transitória contra outro patógeno intracelular, a Listeria monocytogenes (MacKaness, 1964). Na época, esse evento foi associado a um tipo de imunidade dita como não específica, ou não cognata. A importância do reconhecimento específico (ou cognato) do antígeno pela célula Th efetora no sítio de infecção já está bem estabelecida. Neste caso, a célula T é capaz de encontrar-se com o antígeno no contexto de apresentação por MHC, ocorrendo o reconhecimento cognato.  No entanto, o papel do estímulo não cognato, ou seja, aquele que ocorre de maneira independente da apresentação via MHC ainda não está claro. Indícios de que estímulos não cognatos seriam relevantes para ativação de células de memória específicas foram demonstrados por Kuptz e colaboradores (2012). Neste artigo, células T CD8+ que possuem o TCR específico para um peptídeo do Herpes simplex vírus I foram transferidas para camundongos controle. Estes animais foram então infectados com a bactéria S.typhimurium e a produção de IFN-g pelas células T CD8+ específicas para o vírus foi analisada. De forma interessante, mesmo sendo específica para outro antígeno, as células T CD8+ foram capazes de responder a componentes da S. typhimurium, aumentando sua produção de IFN-g em quase 9 vezes! Este trabalho demonstrou então que a produção de IFN- γ ocorreu de maneira independente do MHC classe I. No entanto, o papel do reconhecimento não cognato na ativação da célula TCD4+, que também é importante no controle da infecção por S. typhimurium não era conhecido. Para tentar preencher essa lacuna, O’Donnel e colaboradores (2014) publicaram um estudo desvendando esse mecanismo.
Apesar de à primeira vista ser difícil estabelecer qual a novidade do trabalho, O’Donnell e colaboradores demonstraram de forma elegante a importância do estímulo não cognato da célula Th (independente da apresentação via MHC) na resolução da infecção por S. typhimurium. Utilizando diversos camundongos knockouts, quimeras e um knockout condicional em células T (MyD88fl/fl Lck-cre), foi demonstrado “por A+B” todo o mecanismo cognato e não cognato durante essa infecção. Foi demonstrado que o estímulo não cognato com LPS é capaz de aumentar a produção de IFN-γ por células Th1. Esta indução por um estímulo não cognato envolve o reconhecimento de LPS por células apresentadoras de antígeno via TLR4 e inflamassomas NLRC4 e NLRP3, que levarão à produção de IL-18 pela APC. A IL-18 irá se ligar em IL-18R na célula T efetora específica para S.typhimurium, ativando uma cascata de sinalização dependente de MyD88 na célula T, culminando no aumento da produção de IFN-γ independente de reconhecimento de antígeno pelo TCR no sitio da infecção. Quando animais que não expressam MyD88 em células T (MyD88fl/fl Lck-cre), ou seja, que não são capazes de responder ao estímulo não cognato dependente da IL-18 foram infectados com S.typhimurium, foi observado que esses camundongos, anteriormente resistentes à infecção, passaram a sucumbir à doença (20% dos animais morreram) e tiveram um intenso aumento na carga bacteriana no baço e no fígado. O autor conclui o trabalho alertando que um maior entendimento sobre essa cascata de sinalização poderia levar ao desenvolvimento de novas terapias imunomoduladoras para o tratamento de infecções persistentes, além de fornecer novos mediadores da imunopatologia causada por S. typhimurium, à fim de se estabelecer intervenções imunossupressoras mais específicas. Será?

Post por Frederico Ribeiro e Gisele Locachevic (FMRP/USP-IBA)

sexta-feira, 23 de maio de 2014

SUMO em ação




A participação de células do sistema imunológico adaptativo nas respostas inatas é frequentemente demonstrada em diversas pesquisas, o artigo de Inoue e colaboradores [1] fortalece o papel das células T na modulação da resposta inflamatória.

Após uma agressão ao organismo (podendo ou não apresentar um componente microbiano), ocorre uma reação inflamatória que envolve dois eventos básicos: um vascular: caracterizado pelo aumento do fluxo sanguíneo para a área de agressão, vasodilatação e aumento da permeabilidade e outro celular, no qual as células como os neutrófilos são recrutados para a área de lesão. A reposta inflamatória dessa forma depende inicialmente da produção de mediadores pelas células residentes no tecido afetado, como macrófagos. A citocina inflamatória TNF-α é um mediador crucial durante o desenvolvimento da inflamação, atuando principalmente no endotélio e, em seguida, em neutrófilos, onde favorece a expressão de moléculas de adesão, de receptores para quimiotaxia; e a produção de mais mediadores inflamatórios, como IL-1β e PGE2. A indução dos mediadores que iniciam e sustentam a resposta inflamatória ocorre de maneira dependente do fator de transcrição NF-κB, ativado em resposta aos estímulos identificados pelos receptores de reconhecimento de padrões, os PRRs, que são, por sua vez, estimulados por moléculas que sinalizam a infecção ou dano celular, conhecidos como PAMPs  “Pathogen Associated Molecular Patterns (ou MAMP, de  “Microbial-Associated Molecular Patterns”) e DAMP – “Danger-Associated Molecular Patterns”, respectivamente. Concomitantemente, a ativação do NF-κB induz também a produção de IL-10, uma citocina anti-inflamatória que permite controlar a reposta inflamatória e seu potencial lesivo ao próprio organismo.

Assim, quando um microrganismo invade o corpo, as células do sistema imunológico são recrutadas com a finalidade de combater o agente infeccioso. Essas células são responsáveis por liberar citocinas pró-inflamatórias e, dessa forma, sua atividade deve ser regulada para evitar que uma grande quantidade de citocinas pró-inflamatórias seja produzida sistemicamente e desenvolvam uma hiperinflamação como ocorre durante a endotoxemia.

A endotoxemia ocorre quando níveis elevados de LPS, um componente da parede celular de bactérias gram-negativas e ligante clássico dos receptores semelhantes à Toll 4 (TLR4), atingem a circulação. Neste contexto, assim como na sepse, a produção de IL-10 garante mais que a redução dos danos de uma resposta inflamatória sistêmica – ela é essencial à sobrevivência do organismo. Por este motivo, diversas vias intracelulares controlam as etapas que levam à produção de TNF-α nos macrófagos do baço, células que são fonte de grande parte do TNF-α que é produzido em resposta ao LPS circulante. A ativação destas vias de modulação depende da presença de células do sistema imunológico adaptativo e, mais especificamente, das interações físicas entre células T CD4 virgens e macrófagos no baço via moléculas CD40L/CD40.

O mais intrigante é que este aumento na produção de IL-10 pelos macrófagos (induzido em parte pela ativação de CD40) parece não estar relacionado à modulação da atividade do NF-κB e dependente da ativação simultânea do receptor TLR-4. Isso porque, para que o fator IRAK1 (responsável pelo aumento observado na produção de IL-10) se ligue ao sítio promotor do gene da IL-10 e possa atuar como fator de transcrição é necessário que ele pegue uma “carona”. Como IRAK1 não contém sinais de localização nuclear, sua translocação para o núcleo ocorre após ligar-se ao fator IRF5, ativado de maneira simultânea ao NF-κB em resposta ao estímulo por LPS. Para que IRAK1 apresente afinidade e se ligue ao fator IRF5, a sinalização por CD40 ativa proteínas TRAF2 que são independentes da sinalização por TLR4, o que justifica a ausência dessa resposta quando o contato direto entre células TCD4 e macrófagos é inibido. Então, a translocação de IRAK1 para o núcleo depende da interação forte com IRF5. Esta associação ocorre graças à força das proteínas SUMO. A ativação de TRAF2, tendo a iOPN (“intracellular osteopontin”) como molécula adaptadora, favorece a adição das proteínas SUMO (“SUMOylation”) ao IRAK1, uma modificação que, ao permitir a ligação entre IRAK1 (induzida pela sinalização via CD40) e IRF5 (ativada pela sinalização via TLR4), favorece a transcrição de IL-10. Por fim, a produção aumentada de IL-10 atua de maneira autócrina nos macrófagos e permite que a estabilidade do RNA mensageiro de TNF-α seja altamente reduzida. Dessa forma, a sobrevida dos organismos contra entodoxemia ocorre de modo dependente das células TCD4 virgens e, claro, à força do SUMO (Figura 1).
Schematic diagram of CD40-mediated suppression of TNF production. CD40 signal controls excessive TNF production by LPS-stimulated macrophages. First, CD40L on T cells stimulates CD40 on macrophages. On the other hand, LPS stimulates TLR4. CD40 signaling induces IRAK1 sumoylation in the presence of TRAF2 and intracellular isoform of osteopontin (iOPN). Sumoylation of IRAK1 allows its interaction with IRF5, which is activated by TLR4 signaling and works as an IRAK1 chaperone to the nucleus. Nuclear IRAK1 then binds to the Il10 promoter in macrophages. In an autocrine fashion, IL-10 activates IL-10R signaling, which destabilizes Tnfa mRNA. Therefore, dual signaling from CD40 and TLR4 are essential to control TNF in this mechanism.
Referência Bibliográfica: 

[1] Makoto Inoue, Tomohiro Arikawa, Yu-Hsun Chen, Yasuhiro Moriwaki, Michael Price, Michael Brown, John R. Perfect, and Mari L. Shinohara. T cells down-regulate macrophage TNF production by IRAK1-mediated IL-10 expression and control innate hyperinflammation. Proc Natl Acad Sci USA, 2014 Apr 8;111(14):5295-300. doi: 10.1073/pnas.
           Felipe Almeida Pinho-Ribeiro e Juliano Yasuo Oda
(Programa de Pós-Graduação em Patologia Experimental - UEL-PR) 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

What do we need?

140501

Nelson Vaz

The two most important and defining properties of immunity are: unlimited plasticity and delicate specificity. Specific immune responsiveness, the basic pillar of immunity and immunology as a whole, seems to conciliate these two paradoxical qualities. Organisms seem to “respond” in particular, private, “specific” ways - to each one of an apparently unlimited collection of ligands (epitopes). This is believed to happen because they are equiped with a very large collection of lymphocytes, each one of which carrying a different membrane receptor (a paratope) which, nevertheless, was invented without a target. Collectively, this aimless process  allows lymphocytes to “recognize” what was previously unkown, to predict the unpredictable. This is the central dogma in immunology (predicting the undpredictable) and it exists since much before “selective” theories of antibody formation were adopted in the late 1950s (Jerne,1955; Burnet, 1957; Talmage, 1959) he first “selective” theory of antibody formation, was proposed by Paul Ehrlich and was called “the side-chains” theory of antibody formation (Ehrlich, 1900). Before these “selective” theories, antibody specificity was supposed to be molded by the contact with the antigen, acting as a template, an idea that may seem much simpler, but was dead wrong (Mazumdar, 1996). As Maturana generalizes: there are no “instructive” interactions in nature; systems are structure-determined (Maturana, 2002).
Plasticity, or its consequent versatility of actions, is a structural (molecular, cellular) aspect described in a structural domain. It is based on observations of lymphocye receptors (TCR and BCR-immunoglobulins). Specificity, on the other hand, is a relational quality, observed in a interactional domain, e.g., through visible reactions of lymphocytes or immunoglobulins with varied ligands (antigens, epitopes). Specificity is subsidiary to plasticity, i.e., the specific interactions we observe are made possible, or derive from the system structural heterogeneity. 
This standard way of seeing is frontally contradicted by the awkward observation that monoclonal immunoglobulins are less - let me repeat, less specific that whole sera (see Cohen, 2001). How can the essemble of many different specific units - monoclonal antibodies - be more “specific” than each one of them in isolation?
Two different antibodies (paratopes) binding to the same antigen may bind the antigen more tightly - with higher avidity - than each one of them in isolation if they do not “compete” for the same binding site. Thus, if the antigen has different binding sites (epitopes), which is often the case, cooperative forces may be brought forth. The more heterogeneous is the antigen, the more epitopes it may display, the more paratopes it will bind, the more tightly it will be held. Under natural circumstances, foreign materials penetrating the organism are simultaneously exposed to hundreds of thousands of different lymphocytes and immunoglobulins. The foreign materials themselves are also structurally very complex, often consisting of living or non-living aggregates of many macromolecules, thus, expressing many epitopes. Thus, the specificity of isolated receptors is not usually important under natural circumstances.
It becomes important when we decide to understand the sources of immune responsiveness and to accomodate these two paradoxical qualities - plasticity and specificity. WE want to know how can the organism respond in special (specific) ways to each one of an apparently unlimited collection of ligands. And we are puzzled when we learn that single antibodies are less specific than multiple antibodies acting in concert because we ascribe the fine specificity of the whole system to the individual action of its components. Apparently, however, it may be the other way around: the system is able of more specific actions than its components. How come?
Usually, a “promethean” quality is ascribed to immune responsiveness, as if the organism would be able to predict the unpredictable. This is what “recognizing foreign materials” really means (Silverstein, 2009). But, do we really “recognize” what we have never met before? Is immune responsiveness really a way to deal with foreign materials? Or is it time to reconsider these questions after having learned so much about the specificity and plasticity of lymphocytes and immunoglobulins? 
We should start looking at immunologic activity as an aspect of the construction and maintenance of the organism, not exclusively to as a form of protection against foreign invaders. The most commom “invader” macromolecules are harmless: they derive from our daily diet and from our resident microbiota, and we do not make progressive immune responses to these materials. Progressive immune responsiveness (memory) is not the rule. Neither are we “tolerant” to these materials: there are plenty of immunoglobulins and activated lymphocytes interacting with them. We are neither “immune”, nor “tolerant”to them. We should contemplate the robustly stable activity that is always present, but is neither immmnuity, nor tolerace. We need a new terminology. A new paradigm, to be more precise.

Bibliography
Burnet, M. F. (1959). The clonal selection theory of immunity. 
Nashville/London, The Vandrbilt and Cambridge University Presses.
Cohen, I. R. (2001). "Antigenic Mimicry, Clonal Selection and Autoimmunity." 
Journal of Autoimmunity 16: 337-340.
Jerne, N. K. (1955). "The natural selection theory of antibody formation." 
Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 41: 849-857.
Maturana, H. (2002). "Autopoiesis, structural coupling and cognition: a history of these and other notions in the biology of cognition."
Cybernetics & Human Knowing 9(3-4): 5-34.
Mazumdar, P. (1996). Species and specificity. An interpretation of the history of Immunology
New York, Cambrige University Press.
Silverstein, A. M. (2009). "Immune System: Promethean Evolution." 
Science 324: 329.
Talmage, D. W. (1957). "Allergy and immunology." 
An.Rev.Med. 8: 239-256.
Vaz, N. M. (2011). "The specificity of immunological observations." 


Constructivist Foundations 6(3): 334-351

quarta-feira, 21 de maio de 2014

IL-35 produzida pelas células B é regulador crítico da imunidade durante doenças autoimunes e infecciosas





            Tem sido relatado que a produção de IL-10 pelas células B participa da regulação das respostas imunes em doenças autoimunes, porém, esta pode afetar a resistência a infecções. Estudos têm mostrado que mesmo na ausência da produção de IL-10, as células B de camundongos podem inibir algumas respostas imunes. Com base nestas informações, o objetivo do trabalho publicado em março deste ano na Nature Immunology por Shen et al., foi de identificar fatores adicionais que estão envolvidos na função regulatória de células B.
            Os autores mostraram que receptores semelhantes ao Toll (TLR) são importantes para que as células B exerçam essa atividade supressiva. Utilizando o modelo de encefalomielite autoimune experimental (EAE) e de animais deficientes em TLR2 e TLR4 nas células B, foi mostrado que a ausência de TLR4 está relacionada com uma exacerbação da doença. Sendo assim, o TLR4 possui um papel crítico para ativar as células B para mediar a supressão da resposta durante EAE.
            Ao avaliar a importância da presença de moléculas co-estimulatórias, foi mostrado que a produção de IL-10 pelas células B ocorre independente da co-estimulação de CD40. Fatores supressivos adicionais produzidos células B estimuladas com LPS ou LPS e anti-CD40 foram investigados pela técnica do microarray. Dentre os genes diferencialmente expressos, destacou-se o gene 3 induzido pelo vírus Epstein-Barr (Ebi3), um membro da família das citocinas IL-12 que podem dimerizar com p28 ou p35 para gerar a IL-27 ou IL-35, respectivamente, os quais têm funções supressoras.
            Para estudar a secreção de IL-35 pelas células B, foi demonstrado inicialmente a expressão do mRNA da subunidade p35 nas células B presentes nos linfonodos e no baço de diferentes linhagens de camundongos. Os resultados obtidos mostraram que as células B são as principais fontes de p35 nos órgãos linfoides secundários. Ao avaliar a expressão do mRNA da subunidade Ebi3 em diferentes condições de estímulo e tempo, foi verificada a produção da proteína Ebi3 após a ativação de células B via TLR-4 e CD40. Esta estimulação foi intensificada pelo estímulo do receptor de células B (BCR), o que sugere que estas células tem o potencial de secretar a IL-35. A secreção de IL-35 foi confirmada em sobrenadante de culturas de células B do baço de camundongos C57BL/6, a qual estava ausente em cultura de baço de camundongos deficientes em p35.
            Os camundongos que eram deficientes em p35 e Ebi3 apenas nas células B apresentaram uma exacerbação da EAE quando comparados com controles selvagens e com os camundongos com células B deficientes na subunidade p40. Isto mostra que as células B podem limitar a patogênese da EAE através da IL-35.
            Foi mostrado também que células B deficientes em IL-35, cultivadas com células T efetoras, eram capazes de induzir uma maior proliferação e produção de citocinas inflamatórias (IL-17 e GM-CSF) pelas células T efetoras, sugerindo que a IL-35 regula a função de APC das células B.
            Em infecção por Salmonella typhimurium, os camundongos com células B deficientes em p35 e Ebi3 apresentaram maior sobrevivência tanto após infecções primárias quanto em infecções secundárias quando comparadas aos controles selvagens. A ausência de IL-35 e Ebi3 causaram um maior acúmulo de fagócitos mononucleares no baço, uma maior produção de INF-γ e maior expressão de CD40L pelas células CD4+, ou seja, uma resposta efetora mais eficiente estaria acontecendo na ausência da produção de IL-35 por células B.
            Para identificar as células B produtoras de IL-10 e IL-35, foi verificada a expressão do mRNA de IL-10 e da subunidade Ebi3 em células B           CD138hi e CD138- durante a infecção por Salmonella. Ebi3 e IL-10 foram exclusivamente produzidas por células CD138hi , população que expressa tanto o mRNA de IL-10 como das subunidades da IL-35. Foi também comparada a produção destas citocinas em subpopulações de células B classificadas de acordo com a expressão de CD138 e CD22. Estes marcadores separam subpopulações de células B com diferente capacidade de produção de anticorpos e expressão de fatores de transcrição relacionados com o estágio de desenvolvimento das células. As principais células que expressaram mRNA de IL-10 foram caracterizadas como CD138hi CD22- , enquanto ambas as populações CD138hi CD22-  e CD138hi CD22+ apresentaram níveis similares de expressão de p35 e Ebi3. Assim, foi mostrado que subpopulações distintas de células B podem produzir IL-10 ou IL-35 durante a infecção.
            Diante destes dados, podemos concluir que a produção de IL-35 por células B é um regulador crítico da imunidade.


Jéssica Cristina dos Santos
Mestranda em Biologia da Relação Parasito Hospedeiro no Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública-UFG.
©SBI Sociedade Brasileira de Imunologia. Desenvolvido por: